Nesta década surge em força a cor na televisão portuguesa. No campo desportivo esta evolução foi preciosa e nesta década 2 grandes eventos foram transmitidos a cores para Portugal. Pela Eurovisão chegaram os dois grandes acontecimentos desportivos do ano, que foram, primeiro, o Campeonato da Europa das Nações, em futebol, que decorreu em Itália; depois, os Jogos Olímpicos, realizados em Moscovo, sob a forte controvérsia política motivada pelo boicote imposto pelos Estados Unidos e que terá afectado a competitividade e as marcas. Bom teste, apesar de tudo, para as novas imagens coloridas e confirmação do “boom” que, a nível doméstico, se registava na venda de televisores. Com efeito, duas semanas após o começo das provas olímpicas, não os havia à venda porque, pura e simplesmente, se tinham esgotado.
Nestes anos, assinale-se o retrocesso no que concerne às transmissões de jogos do Campeonato Nacional de Futebol da 1ª divisão: foram suspensas as transmissões directas e só ao cabo de negociações (muitas e demoradas) se chegou a um acordo com os clubes intervenientes, que viria a permitir a captação de resumos, embora com tempo limitado, mas sem os quais não podia passar a rubrica dominical “Grande Encontro” nem, tão pouco, o auditório da RTP.
De Espanha chegaram as imagens do 12º Campeonato do Mundo de Futebol que, mesmo sem a presença de Portugal (havia quem lembrasse que já lá não íamos há 16 anos, como também havia quem não esquecesse Londres-66, quando até íamos ganhando) tiveram o condão de manter os nossos espectadores junto dos ecrãs a ver jogar os outros, a eleger entre si as grandes equipas, os melhores jogadores. À laia de compensação, Benfica e Sporting passaram aos quartos de final das Taças UEFA e dos Campeões Europeus, respectivamente. Por isto, mas principalmente por aquilo (o Mundial) foi época alta para o comércio dos televisores, que até se esgotaram, em algumas cidades. Sem o mesmo impacto do futebol mas, ainda assim, com fiéis seguidores, os Campeonatos Europeus de Atletismo, em Atenas, também justificaram uma série de transmissões em directo, via Eurovisão, que consagraram Rosa Mota como Medalha de Ouro na maratona, ela que, na passagem do ano, já vencera a S. Silvestre, em S. Paulo. Carlos Lopes e Fernando Mamede andaram ao despique pelo recorde mundial dos 10 000 m., sendo que este último acabou por mantê-lo. Para Lopes e o Sporting, viria, depois, o título europeu de corta-mato. Em Barcelos, Portugal regressou ao título de Campeão do Mundo de hóquei em patins. O incremento das transmissões em directo de provas desportivas, no País como no estrangeiro, foi, aliás, um dos propósitos manifestado por Adriano Cerqueira quando, no último trimestre do ano, trocou a chefia da Redacção dos programas não-diários da Informação pela chefia do Departamento de Desporto.
A cobertura dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, que foi a maior de sempre na história da RTP.13 Ficou à beira das 150 horas de transmissões, repartidas por 16 dias, sendo que as mais inesquecíveis reportaram o que lá viveram os nossos atletas-campeões e por cá foram “sofridas” por todos os portugueses. Desde logo um especial brilho nas provas da maratona: Carlos Lopes saiu dela medalhado a ouro, enquanto Rosa Mota, 8 dias antes, já o fizera com o bronze, que também foi de António Leitão nos 5 000 m. Momentos emocionantes, na verdade, seguidos pelos espectadores portugueses, primeiro com ansiedade, depois com alegria.
Esta foi uma década com momentos de grande emoção, como o foram – embora com diferente sentimento – os que rodearam a morte da maior figura do ciclismo português, Joaquim Agostinho, 41 anos, por acidente quando corria a Volta ao Algarve. Também o regular acompanhamento das competições internacionais de futebol entre clubes e, principalmente, as transmissões do Campeonato da Europa (15 jogos, em França, quase 30 horas de emissão) foram contribuição importante para a história desportiva da década que, quem esteve por cá, distante dos relvados do acontecimento, foi seguindo, jogo a jogo, pelas transmissões da RTP, até ver como a selecção nacional se classificou num honroso 3º lugar e como até quase esteve a um ponto de ir mais acima. Mas, a RTP, viria a ter o seu melhor momento com a produção televisiva do grande Prémio de Fórmula 1, realizado no autódromo do Estoril, em Outubro (dia 21). Era a primeira vez que tal se passava entre nós e à RTP competia assegurar a reportagem, em directo, para 40 países, durante 2 horas, o que fez, com uma invulgar mobilização de meios técnicos e humanos (125 pessoas).
O campeonato do mundo de andebol, as maratonas de Estugarda, o “Domingo Desportivo” apresentado por Ribeiro Cristóvão e claro a conquista em Viena da Taça dos Clubes Campeões Europeus por parte do F.C.Porto, bem como da Taça Intercontinental em Tokyo também foram eventos narrados e relatados pela Rádio Televisão Portuguesa.
12.15.2009
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